Escrever é olhar-se no espelho
—e perder-se—
é ver um rosto
olhos castanhos, aflitos
É apalpar com a língua, a língua
do estranho
e ver nascerem flores nas sacadas
nas janelas fechadas, finalmente
se abrindo
Escrever á chorar
pela última folha que caiu
pela rosa entreaberta
pela música antiga
pelo pano molhado
e roçar a face num sopro
de menino-deus
é amar, é sonhar, navegar
navegante navio
romper a vida, brincar de cigana