Há uma vida na esquina
Um pedaço de pão
Um gole de pinga
Não xinga!
A noite é morna
Faz o meu teto
A fome rosna
E eu quieto
Sorrindo meu sorriso insano
Pras belezas da vitrina
Meu cabelo reggae de assusta
Sou preto de cor
Sou pobre
Sou puta
Cão sem dono
Cá sem mundo
Vagabundo
Sorrindo meu sorriso insano
Pras feiúras da sarjeta
E os meus pelos pubianos
Escondendo a etiqueta
Do terno que já foi seu
E no vestido que você me deu
Murchou a flor vermelha
E no vestido que você me deu
Murchou a flor vermelha
Não me queira mal
Nem me queira
Sou branco de cor, sem eira nem beira
Sou preto nagô, no resto de feira
Sou o avesso do cartão postal
Um gole de pinga
Bolacha água e sal
Sou mulher da esquina
Resto do carnaval
Mas o meu lençol de jornal
Traz notícias do norte
Fala de guerra
Fala de rock
E a flor vermelha do vestido que era seu
Que enfeitou meu dançar
Enfeitei as ruas
Murchou...
Murchou...
Morreu!
E a flor vermelha do vestido que era seu
Que enfeitou meu dançar
Enfeitei as ruas
Murchou...
Murchou...
Morreu!
(...meu cabelo reggae te assusta...)