Foi na praça da Cdd
Que a Bala perdida o encontrou
Na frente da Upp
Que o amigo se foi
E nunca mais voltou
Foi na praça da Cdd
Que a Bala perdida o encontrou
Na frente da Upp
Que o amigo se foi
E nunca mais voltou
No mês de fevereiro
Manhã de segunda-feira
Zuou a noite inteira
Pegou uma mulher maneira
Não era de bobeira
Só queria voltar inteiro
Sai de casa com o isqueiro
Ipod e nada na carteira
A mina que ele pegou
Foi quem pagou o Vip's
E ela voltou dirigindo
Por que tinha blitz
Ele veio viajando Ipod
Se ligando em cada acorde
Mas à frente a bomba explode
E quem não tem a ver se fode
O som foi interrompido
Agora nada faz sentido
A trilha sonora da morte
Entrou por um lado
E vazou no outro ouvido
Se veio da polícia
ou de um bandido tanto faz
Agora nunca mais
Dará um abraço em seus pais
Um amigo que se vai
Uma família se desfaz
E o som que ele tava escutando
Falava de paz, mas cade?
A pacificação
Que foi dita um tempo atrás
Agora o coração
Já não bate no peito de um rapaz
Foi na praça da Cdd
Que a Bala perdida o encontrou
Na frente da Upp
Que o amigo se foi
E nunca mais voltou
Foi na praça da Cdd
Que a Bala perdida o encontrou
Na frente da Upp
Que o amigo se foi
E nunca mais voltou
E quem divulgou
Foi a galera
Não saiu no jornal
Pra mídia quem morre na favela
É marginal
Rio tem mais mortes por bala
Do que no Iraque
Mas a Al Qaeda daqui
Ou usa farda ou vende crack
O arrego não foi pago
Quem pagou foi um inocente
Com um tiro na mente
Quem atirou jamais foi encontrado
De bermuda ou fardado
Errados por inteiro
Dois lados comprados
Por cobiça ao dinheiro
A cidade é um puteiro
Comandada por puta
E quem luta o dia inteiro
É quem sofre nessa disputa
Aqui a bala come
Os canas somem
Ninguém assume
A pólvora é perfume
Que chacina quem consome
É chumbo que não acaba
Mundo que sempre disaba
Que um presente melhor
Nosso futuro nos traga
Que eu quero poder
Reclinar a cabeça
Sem temer
Que algum mal aconteça
Que a bala perdida
Encontre quem a mereça
A política de enfrentamento
Nunca teve bom argumento
Querem maquiar por fora
Mas deixando tudo podre
Por dentro
Constroem fortaleza de cimento
Em cinzas
Treinam capitães Nascimento
Que sem discernimento
Estão cada vez mais ranzinzas
E pra cada bandido que morre
Dez querem seu lugar
Vivem de treta e de fazer corre
E é só estarem de porre
Pra matar
Na madruga a visão é embaçada
Vagabundo não quer palhaçada
Nóia nada disfarçada
Tem mão que não nega rajada