("Esta é a historia de um velho boiadeiro
Que começou desde cedo a trabalhar com boiada
Era seu mundo cavalgar estrada afora
Sem respeitar dia e hora e sem tempo de parar
Porém, hoje já cansado, sentindo-se abandonado
Segue sozinho na estrada, pois a idade lhe traiu
E de repente se viu boiadeiro sem boiada")
Boiadeiro sem boiada
Sem partida e nem chegada
Carrega o peso da idade
Cavalgando sem destino
Porque não é mais menino
Sente a dor de uma saudade
Do tempo em que foi criança
E trabalhava na estância
Ajudando a rapaziada
E com eles foi peão
Aprendendo a profissão
Da xucra lida da estrada
Quando escuta lá distante
O repique de uma berrante
Seus olhos pegam chorar
Pois seu corpo ainda é forte
Sente que nem mesmo a morte
É capaz de sufocar
O gosto de ser peão
E seguir a profissão
Sem ver o fim da jornada
Porém não tem condição
Porque está em outras mãos
As rédeas dessa boiada
Boiadeiro, o tempo é curto
E domar cavalo xucro
Às vezes encurta mais
Não é qualquer moço forte
Que vai ter a tua sorte
Por isso volte pra trás
Você tem obrigação
De mostrar com precisão
A quem ficar no teu posto
O que se aprende com a idade
Ensine o que você sabe
E apague o tempo do rosto