O meu cabelo duro
É minha clara herança negra
(Qual é o pente que penteia?)
Sou parte da massa
Dessa etnia esculhambada
Um ser humano mestiço
Um autêntico vira-lata de raça
Eu tenho raças, tenho barba pixaim
Espalhada em minha pálida cara
Meu caro não me encare
Com essa cara de égua puro sangue
Doe sangue, faça um transplante dessa tua ideia
Tu és só mais um filho da pátria incolor
És cria de um bacanal antropofágico
Sem vômito e sem dor
És de uma raça que se auto inventou (se misturando)
Uma raça que se auto inventou
Mamo na teta de uma preta velha
Que dança em meus sonhos
E de uma índia cachimbeira
De olhar risonho
Existem diferentes crenças
Vagando em meu sangue
Silenciosamente
Eu sou um branco num preto
Meio amarelado
Um fado em batuque africano
O rei do balacobaco
'Cabôco' lunático
Cantando uma rock americano
Americanizado, brasileiramente (africanamente)
Puro pixaim, puro pixaim
Puro meu cabelo, é pixaim
Puro sarará, puro sarará
Puro meu cabelo, é sarará
Cabelo black no estilo da trança do meu nagô
Sigo no caminho que Seu Pereira me indicou
Belo bem do amor, belo bem nagô
Se eu canto na cabeça, o coração não sente dor
Cabelo coça, cai, cabelo amassa, cai
Cabelo atiça, cai, cabelo engrossa, mano
Nêgo, meu cabelo é nagô
A identidade da raiz me diz que a alma não tem cor
Nêgo, meu cabelo é nagô
Na raiz a identidade diz que a alma não tem cor