Você não pode imaginar o que eu vi.
Ah! Se eu contar cê pode até descer de mim.
Uma besta fera chegou
Lá das bandas do chapadão;
Feito aço e diamante
E com a fúria de um dragão,
Devorando a mangabeira,
Mata a virgem gameleira.
Vai Bentão, vai num pulo só,
Ver com os próprios olhos
A matança de dá dó.
Nunca vi, Bentão, coisa pio.
Você não pode imaginar o quê que deu.
Um bando nosso se tornou escravo seu.
São guiados pelo dragão,
Todos com um bicho na mão;
Com mil dentes afiados
E com a fome de um leão,
Devorando a Mangabeira,
Mata a virgem Gameleira.
Vai Bentão, vai num pulo só,
Ver com os próprios olhos
A matança de dá dó.
Nunca vi, Bentão, coisa pio.
Voa passo-preto, Foge açaí.
Asuna, graúna miúda,
Se esconde meu bem-te-vi.
Se esconde meu bem, te vi.
Mas a virgem mata
Não pode correr;
Ela não tem pernas pra fugir
E nem pode se defender.
Nem pode se defender.
Ai má zona, o que será doce?
Você não pode calcular os danos lá.
Quanta ingratidão!
Sá mãe d`água chorou tanto
Que secou, virou sertão.
Vai Bentão, vai num pulo só,
Ver com os próprios olhos
A matança de dá dó.
Nunca vi, Bentão, no mato coisa pio.
Ai Bentão, nós tão prum cipó só.