E eu não consigo colocar em palavras o quanto de merda que eu venho passando desde então. Aprendi então a usar o silêncio como melhor forma de expor as coisas. É interessante, porque do silêncio vem o vazio e com ele todo o resto. Uma vida entre vazios de uma cidade cinza, em um país inutil de um mundo medíocre. Desculpa, mas gosto de falar mal do planeta Terra. Me culpo quando penso no assunto, me culpo quando penso em você, me culpo mais ainda quando acho que possuo algum direito de ter algo além de toda essa porcaria a minha volta.
Mas de todas as culpas, a que eu mais me cobro é por não ter feito aquilo que era certo, mas o certo hoje em dia é um conceito muito irrelevante, não? As pessoas estão mais preocupadas em parecer certas do que realmente fazer aquilo que é certo. É uma linha tênue entre o que as ações mostram e o que se passa na nossa cabeça. Somos submarinos, como naquele filme. Abaixo do radar e escondidos de todo o resto.
Prefiro deixar para o pessoal na auto-afirmação resolver enquanto tentam fazer seu estilo de que sabem cada segredo desse mundo, mas que a mãe não deixa sequer sair de casa. Quando vejo a maioria apenas dou um breve sorriso e me concentro em alguma outra coisa. Eu já fui um deles mas hoje… hoje tudo parece tão distante. E novamente eu olho para uma tela branca como forma de tirar esses pensamentos da minha cabeça. Como eu esperasse uma resposta de volta. Seria irônico se não fosse depressivo.
Talvez eu esteja cansado, mas essa merda toda não é suficiente para mim. Já foi um dia, mas… desapareceu. Desapareceu e deixou a porra de um vazio. Então vamos esquecer isso, ou fazer como esses adolescentes perdidos. Vamos parecer algo que não somos. Vamos fingir romances. Vamos ser descartáveis e descartados. Vamos… até que tudo isso não faça mais sentido. É uma tática muito boa quando eu não sou honesto, e faço como love is a laserquest, encontro mais uma e me perco por alguns minutos enquanto finjo que ela foi apenas mais uma.