Alô!
Oi? Quem é?
É a mãe do Nogueira
Chama ele aí pra mim, por favor?
Aê, tava pensando em ti cara
Vamo sair com aquela mina ou não?
Partiu
Quando vou sair de casa
Eu já fico no preparo, tô muito acostumado
Com as vadias baba aro, e por falar em vadia só
Tem uma que eu quero e é hoje que eu pego
Pro passeio no corpo de ferro
Subo a rua e lá tá ela, chego tipo febre amarela
Minha bike é aquarela e tua cara é minha tela
Mas eu não tenho carro, isso é melhor que fusca
Então vê se me desculpa e sobe na garupa
E a bike desceu a ladeira
Marcando o asfalto da rua inteira
Quase atropelo aquela freira
Pena que amanhã já é segunda feira
E a bike desceu a ladeira
Até chegar na casa do Nogueira
Arrebentei a porta só na brincadeira
E a mãe do cara que ficou cabreira
Ele saiu, da porta de tela, com um saco cheio de
Pão com mortadela, se ligou que ia segurar uma puta vela
E começou a mandar uma tal de ideia
De ir num lugar
Calmo vamo lá vai ser legal tem um rio e um matagal
E eu juro que não vou encher o saco
Com desgosto eu disse que sim
Mas enfim, era a chance de eu ter ela só pra mim
E a bike desceu a ladeira
Com a japonesa na minha traseira
O Guinoke na minha dianteira
E eu pensando se você era solteira
E a bike desceu a ladeira
Pneu levantou poeira
A roda entortou na buraqueira
E você voou na cachoeira
E morr – merda, já era
Tá morta, que bosta
E o que fazemos com o corpo dessa gostosa
Vou tentar te reviver, com toda minha força
Pena que tem um monte de girino na tua boca
Fui ligar pro hospital, celular tá sem sinal
Tomamo no cu bonito
E agora, meu amigo?
Sentamos ali, bem do lado dela, desembrulhando
E comendo pão com mortadela