Conheci um milionário
Morador de uma mansão
Muro alto rodeava
Quase todo o quarteirão
Um casal de capa preta
Sangue apurado alemão
Vigiava a grande casa
Desde o fundo até o portão
Quando a cachorra criava
Oh! meu Deus que judiação
O povo se admirava
Com a atitude do patrão
Ele ia na ninhada
Fazer a separação
As fêmeas ele matava
Só os machinhos que não
E um dia ela criou
Lá num canto do porão
Ele foi já logo cedo
Fazer a separação
Encontrou quatro machinhos
Na ninhada lá no chão
Por não ver nenhuma fêmea
Sorriu de satisfação
(“Como é a natureza
E o instinto animal
A cachorra foi desperta
Dando exemplo fatal
Escondeu as suas filhas
Lá no fundo do quintal”)
Quando foi no outro dia
Ele ouviu choramingar
Ele foi pra chegar perto
Mas não pode aproximar
A cachorra embraveceu
Fez seu dono respeitar
O que Deus pôs nesse mundo
Só Ele pode tirar
O exemplo da cachorra
Foi pra ele uma lição
Ela fez papel de gente
E ele papel de cão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)