(Liana Ferraz e Rodrigo Mancusi)
Quais partes de mim vem velar as palavras mortas na boca muda e seca
de não dizer o que brotou?
Segredo que não deu nem flor, nem fruto, nem cheiro, nem comida
Segredo que morre semente, se mente areia na boca
Boca muda transborda pra dentro palavra que morre vai pro céu
Da boca amarga, amargo que não é de língua é de mudo
Da boca amarga, amorgo que não é de muco, é de mudo
Da boca amarga, amargo que não é de língua é de mudo
Eu engulo, mas não esqueço (x3)
Palavra que morre no céu da boca vira estrela pontuda na boca do estômago
E eu dor que vai abdome e eu dor que vai abdome, cicatriz de abrir barriga
Eu engulo, mas não esqueço (x4)
A palavra morta velada
A palavra palavra continua
A palavra morta câncer
A palavra morta move pra dentro
A palavra semente cadáver
A palavra enrugada não líquida
A palavra semente cadáver
A palavra enrugada não líquida
Corte pra achar na artéria do peito, a palavra semente calada
Semente caída
Quais parte de mim vem velar o que morro cada vez que me calo?