Depois de tanto dizer com insistência
caio de joelhos em exaustão
Expondo até o fundo da minha consciência
mas derrotado pela mera incompreensão
Cedi meu viver, tentei descrever
toda essência da desgraça que nos faz sofrer
Insensível prazer
não tenho nada a fazer
para impedir o contrafluxo
que nos faz retroceder
Força inquestionável
ditando o rumo do caminho
que é nosso por direito
Roubo imperdoável, mensagens
tragadas pelo interesse de quem
quer um mundo desfeito
Andamos fracos, em preces
em esperança que um dia isso vá mudar
Nadando contra a corrente
acreditando em nós, nunca estamos a sós
Dizemos: bata de frente
insista no que se dá a vida pra acreditar
Ouvindo e crendo em sua mente
com motivação atroz
fazendo-se ouvir a sua voz
Acreditando no que realmente
possa nos trazer prosperidade
Cães de guerra somos
rasgando a carne de irmãos sem dó
Apenas em respeito à ordem
dada pela carta vermelha
Revirando o lixo que nos alimenta
e faz nossa dor maior
Tristeza de uma mensagem manchada, ilegível
Agora interpretada em razão do pior
Vendo o inferno consumir todo o caminho
que traçamos, ameaçamos um eterno insurgir
mas sem mover um dedo à onde almejamos
Entre o berço e a sepultura
vários tentaram encontrar a luz
vítimas do desejo de ternura
com seus cadáveres empilhados
nos caminhos de quem nos conduz
Roubo imperdoável, liberdade
que não vai além de cano na cara
e mãos pro alto
Mentira multiplicável
prisioneiros da moral
imposta controlando o cidadão incauto
Encarando nossa sorte
pra depender das migalhas que jogam para nós
Lideram um velho mundo de ruínas polidas
varrem nossas vidas
Há muita luta e morte, muitos irmãos
nesse rio, nem chegaram à foz
Apenas jazem no fundo com esperanças
perdidas de, ao menos, curar suas feridas