Impensável sina que farta-me de graças que, de outra forma, não iria ostentar
Com tantas honras tão reais que não me importa o preço que paguei para aqui estar
Abram-se os portões
Desse novo mundo meu, que me tentou, me fez abandonar todas minhas convicções
Olho o quanto se perdeu, aceito que essa escolha traz uma nova era de aflição
Para muitos que tiveram fé em quem já não podia mais acreditar
E isso não é tudo o que o forte pode alcançar
Levado, enfim, a escolher me mascarar em uma farsa pela minha ascensão
Olhe pra mim (olhe pra mim)
Sou, hoje, o que já foi nossa motivação
Passos que um dia escolhi me distanciar
Agora guiam-me em um caminho imundo em que não posso mais voltar
Sentia orgulho de exaltar a compaixão
Só sinto agora medo de quem traí, como ameaças à minha ascensão
Olho ao vazio, sem forças pra respirar, apenas queria saber o que aconteceu
Sozinho, só essas correntes e eu, e mais um dia que torço pra acabar
Queria poder recomeçar, reviver dias de um plano em que havia paz
Uma forma de voltar atrás, mas não há luz, não existe chance de isso mudar
(Existe sempre uma chance se acreditar)
Tente derrubar tudo que ganhei com a traição, garanto que não poderá
Entregue o que te resta às minhas mãos, não haverá mais uma chance de se reerguer
Medos que consomem minha alma, assim como a insistência de zelar pela mentira
Ovacionando a omissão, mesmo sabendo que isso é prenúncio de revolta e ira
Selem os portões desse novo mundo meu, impeçam que o tesouro vá além do alcance das minhas mãos
Atrás do que já se esqueceu existe um segredo oculto que pode trazer perdição
Para os poucos que puderam desfrutar da crença dos fracos que hoje sofrem
Agora não sei se valeu a pena perder o que fui
Guiado, enfim, a um caminho sem saída, adiando minha sentença final
Apiedem-se de mim, fui outra vítima tentada por esse mal
Dogmas tão cegos fizeram me ajoelhar frente à reis de ouro, corações de pedra a me guiar
Ouço tantas vozes, sofrimento em vazão, uno minha voz à elas implorando em pranto por perdão