Se nada há entre nós, nem ódio, amizade, o que um dia há de haver?
Ofusco o laço que pesa, que faz esse encontro acontecer
Mas o que há de haver se só estou de passagem e o seu lugar é aqui?
Basta de ver a paz da minha alma insistindo em ruir
Resta só saber qual verdade traz a piedade que jaz em mim
Aceito entender a humildade inata
Sem muros pra me impedir
Tantas formas formas de me entregar
Redenções fazem tudo pra me cegar
Inspirado a não ser o que plantei
Sigo o rumo que guiou-me ao destino que encontrei
Tantas portas se fecham, tantas que forçam-me a me virar do avesso
É uma dor que transforma, tanto que, por essa chance a mim dada, agradeço
Sobrevivo no abismo que pode ter luz eterna, vil ou terna
Descobrirei a forma de encontrar
Essa luz que dá vida às sombras daqui
Colecionam só mágoas, esperanças incertas, feridas abertas
Olharei por eles enquanto eu respirar
Ressoando o manto que pode curar
Parte de mim pensa em desistir dessa vida, a pura representação da dor
Outra parte de mim insiste em dizer que essa dor que é o motivo pra não desistir
Sinto por não ter te olhado antes, sinto por escolher tantos erros
Isso não vai impedir a mudança que toca o cerne de quem está aqui
Noites sem dormir pela fome, o frio, a incerteza do que virá
Consigo entender o desejo que cresce em favor de tudo mudar
Ouço vozes a me chamar, insistindo tanto pra te abandonar
Liberta-me dessa prisão, quero insistir na força que me dá visão
Ouro que move-me adiante
Resquício do ar que sufoca e nos separa
Esporo que contamina a razão
Saiba que você não mais me dominará