Não, não dá
Não dá prá levar
A vida como se fosse represa
Como navegar fechando o curso deste grande rio?
Não, não dá prá fazer de conta
Que nunca vem comida nessa mesa
Desespero em tempo de colheita e de plantio
É melhor se deixar cair na água e pular na mesa
Pois água de viver é correnteza
Onde os meninos livres tomam banho com alegria
Mesa de comer é prá se fartar
E mexer a massa prá fazer o pão de cada dia
Não, não tem
Do que se proteger
Se a vida é um revés de guarda-chuva
(quanto mais aberta, mas cai chuva na cabeça)
Não, não vem
Não vem que não tem
Não vem plantar deserto em minha mesa
Mesmo que a semente brote e o deserto floresça
Eu ando é a pé na chuva e de camelo nessa mesa
Pois chuva de viver é prá se molhar
Faz lama e dizem que dá resfriado, mas de quê?
Mesa de viver
Semeadura
Puxando o arado dentro da travessa de comer