Que barulhada nesta casa a noite inteira!
Dança mesa com cadeira, uiva o cão lá no quintal
O bode preto dança quando o galo canta
Toda vida se levanta nesta musical infernal
Ouço gemidos, vejo vultos passeando
De vez em quando faz-se luz, não há ninguém!
A minha casa nunca foi malassombrada
Mas agora é frequentada por amigos do além
Se algum valente quisé verificá - venha vê
Para depois vir dizê como é que é?
À meia-noite com os teus olhos em brasa
No telhado lá de casa, vai cantar o caboré!
Então começa o brinquedo vem uma voz d'outro mundo
Contrabaixo profundo e canto chão
Range ridentes, palmadinhas, brincadeiras
Risadinhas, zombeteiras, gritos, choro e pregação!
Já fui até a macumba consultar a seção
Já fiz a minha oração, mas afinal
Até parece que em suma, o tal do inferno
O meu sofrer será eterno nesta luta desigual
Esburaquei toda a casa com melhor intenção
Tudo, porém, foi em vão, nada encontrei
O que devia é ter pago os meus credores
Hoje pobres sofredores que em vida eu não paguei