A sombra ensombra-me os dias
Num divagar lento
As mãos dobradas vazias
Por sobre o próprio lamento
Que dizer de nós amor?
Sentam-se as horas
Rodopiam os segundos na perseguição de nós
Como abismo escuro e fundo
Que atrai-me assim o ser e a voz
Não é mais do que um perdido lamento atroz
Perdidos olhos vagueiam
Olham sem ver, cegos
Redondas frases anseiam
Fazer-se voz eu nego
Que dizer de nós amor?
Tudo se oculta
Tudo é estreito e estreita em nós a margem da culpa
Como a sombra a que me dei
Que atrai-me assim o ser e a voz
Não é mais do que um perdido lamento atroz