Parti andorinhas parti, longe do meu telhado
Os barcos que jazem aqui foram de outro lugar
Quem sabe amor, onde vai
Quem sabe a dôr que nos cai
O vento passa por nós e o resto é o mar
Matei a rosa vermelha que usava ao decote
Tingi os lençóis com a raiva de amor e pecado
Olhai as mãos, meu amor
Olhai meus olhos, senhor
Cantai guitarras cantai a tristeza do fado
Adeus amor que matei
O mar que há-de encontrar o nosso coração
Adeus amor que jurei
Minha rosa de fogo e de paixão
Fui carne de amor e ciúme, fui vinho e loucura
Um cravo em botão, meu amor, preso á tua lapela
Chorei, amor, este fim
Sequei por dentro de mim
Deixei uma rosa vermelha á tua janela
Tracei o meu xaile no rosto, é de luto este fado
Lavei o teu sangue na chuva que leva á saudade
Olhai as mãos, meu amor
Olhai meus olhos, senhor
Cantai guitarras, cantai a minha liberdade