Preta,
a maré não tá pra peixe,
se segure, não se queixe,
vai melhorar, eu garanto!
se cortarem
a luz, não se aborreça,
pede Agô, bate cabeça,
e acende a vela pro santo!
no Domingo
nada de preguiça,
logo cedo vá à missa,
cante hino de louvores,
pede aos anjos, precisamos tanto
que nos livrem do quebranto,
e também dos cobradores!
na volta
passa no boteco do Santana,
traz limão, açucar, cana,
goiabada e rapadura,
aproveita, traz o macarrão,
arroz, farinha e zóião,
não esquenta, ele pindura!
chega
de briguinhas e conflitos,
eu não quero mais atritos,
uma trégua eu lhe proponho,
não me censure,
um dia tudo se acerta,
mas em casa de poeta,
só não pode é faltar sonho!