tá chegando o tempo quente
Toda a roça vai secar
Vem os dias da colheita
Nego tem que trabalhar
Na colheita que passou
O nego não agüentou
Não pediu pra seu senhor
E sentou pra descansar
Senhor branco não gostou
Mandou negro pro feitor
E no tronco ele amarrou
E mandou a chibatar
Sou eu, preto velho acabado
Com o pé todo rachado
De pisar neste chão
Já passei quatro luas
Na senzala amarrado
Muito foi castigado
Não sirvo mais pro leilão
Não, nunca fui um negro malcriado
Tenho sempre que trabalhar calado
Nunca fiz maldade a ninguém
tá chegando o tempo quente
É o medo que o negro tem
***************************
Luiza