Na Conde da Boa Vista
Encontrei um artista
Meio pessimista
Lendo uma revista
E franzindo sua testa
Com cara de fim de festa
Com cara que comeu bosta
Ele sustentava Lúcia
Vendendo pelúcia
Made in lá da Rússia
Casacos da Prússia
E queria ter um palácio
Mas não era assim tão fácil
Era como achar um fóssil
Noutro canto do recife
Sem roupa de grife
Com seu velho pífe
Toca um Jimmy Cliff
E no pão o seu filho gorfa
O pão melecado mofa
E ele como o pão com mofo
E ele come o pão com gorfo
E ele come o pão
Sua cabeça na fronha
Vez em quando sonha
Lembrando de Tonha
Lhe pedindo: ponha!
Implorando: vai, acunha!
Rasgando as costas com a unha
O sonho a cueca móia
Carregado de cansaço
Sentindo o mormaço
Fuma mais um maço
Enquanto aperta o paço
Pra poder entrar na missa
Só foi lá pra ver melissa
Só pensa em comer a moça
Vende um urso é segue a diante
Seu desodorante
Já não lhe garante
Um cheiro perfumante
Cheira mal de ponta a ponta
Pede um Axe e põe na conta
Passa Axe até na pinta
Passa Axe até na pinta
Perfume na pinta