Branco admira
esses campo, essas quebrada
Mas se esquece a trabalhada
deste nego já velhinho
Branco admira
esse mundo de algodão
Mas se esquece Nhô patrão
que isto não nasceu sozinho.
Nego num cantava não
canto de nego é mandinga...
Nego num chorava não
choro de nego é suor...
Nego num rezava não
reza de nego é função...
Nego não amava não
amor de nego é perdição...
Que é que nego fazia?
Tirava da terra fria,
dia e noite, noite e dia,
algodão, mais algodão...Ô!
Sabe Nhô branco
de onde vem os agasalho
pr’as frieiras e rematismo,
pras mania de Sinhá?
De onde vem os lenço branco
pra Sinhá ,moça chora?
De onde vem os pano preto
pro Sinhô velho morrê?
E os pano das bandeira
p’ros soldado guerreá?
De onde vem a renda branca
Pra fazê enxová?
Nego velho trabalhou,
dia e noite, noite e dia,
tirando da terra fria
algodão mais algodão
Pra Nhô branco ser douto...
Pra Nho branco ser douto...
E você preto velho, o que foi que ganhou?
Eu consegui esta cabeça branca
Branca como o algodão
que preto velho plantou...