Fui em busca do meu pai, pras bandas do lageado
Viajando muitos dias, o corpo estava cansado
Já vinha caindo a tarde, quando fiquei assustado
Parecia me chamando alguém que estava ao meu lado
Passando perto de um rancho, lugar frio e abandonado
Eu desci do meu cavalo o corpo estava gelado
Quando ouvi a vóz dizendo, não tenha medo do passado
Percebi que o meu destino ali tinha me guiado
Eu entrei naquele rancho me sentindo arrepiado
As portas estavam abertas eu fiquei desconfiado
Num canto umas coisas velhas, saco de roupa amarrado
Em cima de uma mesa, um lampião apagado
Então chamei por alguém, foi um silêncio calado
Revistei aquelas traias, que há tempo estavam jogadas
Encontrei uns documentos, alguns deles já rasgados
Vi que era do meu pai que por mim foi desprezado
Saí em volta do rancho chamando desesperado
Embaixo de uma fogueira, uma cruz no chão molhado
Coração quase parou, minhas pernas fraquejaram
Vi o retrato de papai pelo tempo amarelado
Balançava com o vento um rosário pendurado
Feito de tentos de couro, com letreiros gravejado
Este é o meu grande tesouro, trás lembranças do passado
Fiz com o pedaço de couro que ganhei do filho amado