Tão pequeno eu deixei meu sertão pra viver de ilusão
como fui infeliz
Lutei muito pra ser cidadão,
mas o meu coração eu confesso não quis
Só deus sabe como estou sofrendo
e o quanto me arrependo de tudo que eu fiz
Tão menino cai no abandono pensando
em ser dono do próprio nariz
Que saudade da escola na tenda,
e os bailes de fazenda que tinham nas beiras
Da tulha feira de pau à pique
e do velho alambique de pinga caseira
Até hoje trago na lembrança a saudosa infância
e as artes sadias
Tinha paz, tinha tranquilidade e a felicidade,
porém não sabia
O papai chegava do roçado e mesmo cansado
era sorridente
Se sentava na porta da sala,
pegava a viola e cantava com a gente
A mamãe preparava o jantar
sempre com o paladar refinado que tinha
Como eu era o caçula da casa,
a coxa e as asas do frango eram minhas
Todo dia santo era comum
se guardar o jejum até o meio dia
Como já era tradição, fazia uma oração e depois se servia
Sempre quando sobrava uma renda,
papai lá na venda ia molhar a guela
Era um doce pra cada menina pra tubaína
E pão com mortadela
Hoje quando eu fecho os meus olhos,
padeço e choro um triste lamento
E me sinto como um boi de corte
esperando que a morte me traga acalento
A saudade dói no coração,
mas parece um ferrão machucando o meu peito
Peço à deus que um dia permita findar minha vida
lá no pé do eito