Essas ruínas de tapera abandonada
Num recuo da estrada tem histórias pra contar
Elas já foram paraíso da moçada
Lá nos becos das boiadas que jamais hão de voltar
Esse recanto naquelas noites passadas
Caboclinhas mal amadas que fugiam do sertão
Vinham dos campos como flores perfumadas
Entreter a peonada sob a luz do lampião
Era um casebre de paredes bem caiadas
Onde a noite enluarada parecia não ter fim
Quem lá esteve entre as vermelhas cortinas
Por certo nem imagina que terminasse assim
Ali morava a fugaz felicidade
E agora chamo saudade na minha recordação
Viola e sanfona eram bem executadas
E almas apaixonadas se abraçaram na canção
Velhas ruínas diversão do meu passado
Me entregue algum recado se elas deixaram pra mim
As tais meninas que nesse céu azulado
Devem ter se incorporado aos sagrados querubins
Faz tanto tempo mas na lembrança perene
O lampião à querosene brilha mais que a razão
Pois ilumina lá no fundo da memória
Muitos momentos de glória de quem foi também peão
Pois ilumina lá no fundo da memória
Muitos momentos de glória de quem foi também peão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)