Eu vejo lá bem distante
Os papagaios voando
Cada vez indo pra longe
O sertão estão deixando
Fugindo da mão do homem
Outro habitat buscando
Periquitos e araras
Também vão se retirando
A raposa espreita tudo
Desconfiada olhando
E o homem sem piedade
Cruelmente vai matando
Caçador, caçador
Com você estou falando
Não mate a fauna e a flora
Quero vê-las procriando
Muito triste a mata chora
A morte da passarada
Os campos virando cinza
Com a fúria da queimada
Na sombra da quixadeira
Não se vê onça pintada
Caititu se retirou
Tá bem longe da baixada
Galho seco despencando
Caindo lá da ramada
O homem cortando tudo
Em medonha derrubada
Roçador, roçador
Não pegue mais empreitada
Encoste a foice e o machado
Evite fazer queimada
O sertão é um paraíso
Paraíso de esplendor
Mata virgem, céu azul
E canário dobrador
Inhambu piando triste
Quando a tarde furta-cor
Os bichos todos fugindo
Da mira do caçador
O riacho ainda chora
A mata cheia de flor
E o homem destruindo
As obras do Criador
Predador, predador
Olhai para o que restou
Predador, predador
Não mate o que Deus criou
Não mate o que Deus criou
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)