("Meu filho, corre
Vem sentar aqui comigo
Sou teu pai, sou teu amigo
Eu quero te aconselhar
Vê na parede
Aquele prego ali pregado?
Ele sabe o meu passado
Mas eu quero te contar")
Naquele prego
Eu já pendurei meu laço
O arreio do Picaço
Cavalo de estimação
E um par de esporas
Que custou muito dinheiro
E um chapéu de boiadeiro
Que eu lidava no sertão
Naquele prego
Pendurei muito cansaço
Muito suor do mormaço
E poeira do estradão
E quantas vezes
Minha mágoa pendurei
Sentimentos eu guardei
Pra não magoar teu coração
De agora em diante
Vou tirar dele meu laço
O arreio do Picaço
E as esporas vou guardar
Naquele prego
Pendure uma sacola
Cheia de livros da escola
E vontade de estudar
Quando amanhã
Você estiver aqui sentado
Lembrando nosso passado
Olhando o prego pioneiro
Quero que seja
Um doutor bem afamado
Diga sempre em alto brado
Sou filho de um boiadeiro