Onde começa a comida e termina o miserê?
Onde começa esse sol?
Onde acaba esse dia comprido?
Tem tanto tempo que eu falo
Que vou vencer
E eu, o que é que eu vou fazer?
Com esse meu filho doente
Pronto pra morrer
Ver minha mulher chorando
Cabeça encostada no fogão
Tanto maltrato envelhece seu
Rosto de carvão
Ela faz prece, faz chá de folha de saião
Ela jura que o menino vinga
Mas não vinga, não
Vendo meu filho num canto escuro
Tanto me dói esse seu gemido
Parte, me toca
Me rasga meu peito de marido