De hoje em diante, eu não quero mais navegar em terra firme
Onde há a vida do outro
Sobre a vida do outro
Agora, vagarosamente, o sereno me maltrata
Se eu sou carne e osso
E o pneu pisa o pescoço
Tinha um olho num farol
E outro noutro motorista
Caia a tarde, e ela eu nunca mais perdi de vista
Não avistei o indivíduo mortal vindo do morro
Assassinei na Avenida Central, um deus cachorro
Registrei mil poemas em mim, pedi socorro
Amaldiçoei-me neste dia, por toda a eternidade eu corro
De hoje em diante, eu não quero mais trafegar no asfalto
Onde morrem os outros
Sobre a morte do outro
Displicentemente, a vida me toma de assalto
Faço-me intermitente
E o coração já não sente
Tinha um olho num farol
E outro noutro motorista
Caia a tarde, e ela eu nunca mais perdi de vista
Transformei seu swing em sabão, em um só jorro
Assinei com o sangue do cão, um Z de Zorro
Me disfarcei, escondi-me no espelho
Dentro de um gorro
Não destravei, em mais nenhum instante, do meu estorvo
A que horas morreu?
Passa o tempo, passo, passo, passará