Se em cada dia que eu levanto
Eu não sei de onde sai a força
Talvez do sorrir da moça
Ou de mim mesmo, o que é um espanto
Eu tô de pé, eu lhe garanto
Se lhe parece, eu tô na merda
Eu güento água, eu güento pedra
Eu vou no osso e na saliva
Ma' eu tô vivinho da Silva
Porque eu sou duro na queda
(Ma' eu tô vivinho da Silva, porque eu sou duro na queda)
Se a cada caminho que eu traço
É redobrado o meu esforço
Eu já tô no fundo do poço
Eu perco a mão, eu perco um braço
Eu dou outro nome ao cansaço
Se lhe parece, eu tô morrendo
Eu dou a luz, eu surpreendo
Eu tô no talo, eu tô na ativa
Continuo vivinho da Silva
Sou do mundo o reverendo
(Ma' eu ô vivinho da Silva, sou do mundo o reverendo)
Se a cada trilha que eu percorro
Eu vou compondo a identidade
É do sertão ou da cidade
É o vão da estrada é lá morro
Fica eu pego, suja eu corro
Se lhe parece, eu tô na seca
Eu furo a fonte, eu pulo a cerca
Eu tô no campo, eu tô na estiva
O meu nome é João da Silva
Até que o mundo então me perca
Eu tô no campo, eu tô na estiva
Se num quer não nêgo, se esquiva
Eu sou nativo, eu tô na ativa
Eu rodo a bolsa e a baiana em cada esquina
Eu rodo a bolsa e a baiana em cada esquina
Anti-herói, anti-herói sou eu
Sobrevivo