Com água no meu peito
Me doendo no coração
Ao ver o desmatamento
Cabresteando a erosão
Ao longe se vê o clarão
No fogo queimando o mato
Tarumã, cedro e angico
Em carvão, taco e cavaco
Os redemoinhos dançando
Nesta água eu quero ver
Não me matem o este rio
Ao menos enquanto eu viver
Rio, rio, rio, rio
Que mergulhou minhas lembranças
Rio da minha infância
Linha caniço e bocó
Entre os dedos as tamancas
Quantos capinchos eu vi
Se jogando das barrancas
No remanso a garça branca
E a moura tinha um sossego
O biguá corria na água
Na frente do cisne negro
Os redemoinhos dançando
Nesta água eu quero ver
Não me matem o meu rio
Ao menos enquanto eu viver
Dum nasci,
Do outro cresci
Deixei minha fome na pitanga
Meu sangue na japecanga
Rio, rio que me deixou assustado
No meu primeiro dourado