("Chegou um menino correndo
E me disse, papai está morrendo
Seu moço, vamos ver
É um velho boiadeiro
É meu único companheiro
Tenho medo de perder
Fui ver o que tinha ocorrido
E num baixeiro estendido
O velho me fez seus pedidos
Pouco antes de morrer")
Acenda o fogo da fogueira, meu amigo
Deixe a fumaça espalhar-se no galpão
Toque o berrante repicando a retirada
Pra que eu veja a boiada no estradão
Deixe meu corpo estendido no baixeiro
E por bondade me cubra com o gibão
Diga a meu povo que despede-se um boiadeiro
Que está cansado desta vida de peão
Diga que mesmo indo para o outro mundo
Das vaquejadas levarei recordação
Traga aqui perto o Trigueiro e o Malhado
Bois de estimas que criei desde pequenos
Chame o cachorro sem deixar que ele perceba
Sei que ele morre se notar que estou morrendo
As minhas botas, o meu laço companheiro
Peço que enterre junto a mim, faça um favor
Diga à peonada que prossiga o caminho
E o meu filhinho leve ele com o senhor
E bem baixinho fez seu último pedido
Que eu pintasse de preto o carro de boi
Mal tive o tempo de enxugar as suas lágrimas
Fechou os olhos e deste mundo se foi