Musa infiel, de olhar cruel
envolto ao véu da ingratidão
teu coração é um jardim
aonde eu vim colher a flor
do mais ingrato amor
para sentir o ardor fatal
e divinal, do teu amor
ingrata flor e sonhar
com o teu olhar
verde falso cor do mar.
Podes rir, muito sorrir
por destruir meu coração
mas há de vir um dia então
quando a visão de meu olhar
vaidoso desprezar o teu
que irá tombar vencido
e arrependido, envaidecido
pelo meu que sofreu
pelos teus ais, que sofreu
não sofre mais.
A hipocrisia virá sofrer
um dia a ironia do viver
e depois morrer à sombra
da vaidade sob a cruz de
uma saudade, só então serei
feliz, muito feliz
e o meu estro dirá
o que a boca hoje não diz
e verei vingança má
teu sonho que sonhará
tudo aquilo que sonhar não quis.
Só então feliz será meu pobre
coração, que a ingratidão
de vil paixão tanto feriu
pela dor vil, ingrato tédio
cujo remédio bom e santo
é o pranto e o desencanto
pela musa, que formosa
flor mimosa de vaidosa
glosará, mas um dia
ó ironia, fatalmente chorará.