Era um tempo de Marias,
Joaquins, Josés, João.
Era um tempo em que nas ruas
se diziam muitos não...
Era um tempo em que enterravam corpos
junto à Constituição...
Nos jardins de nossa história,
não há flores, só há dores,
ainda hoje em carne viva
na memória...
Era tempo de lutar pra se viver
e só falar era motivo pra morrer
e um sol temido de dezembro
veio a acontecer...
Era esse tempo tão rebelde
e marginal,
um desses tempos em que a dor
é tão banal,
um tempo em que acabavam
com o jornal....
Era um tempo de Marias,
Joaquins, Josés, João...
Era tempo de fugir
com porcos num caminhão...
Tempo em que plantava-se coragem
e colhia-se o canhão...
Era tempos dessas flores praguejadas,
dessas ruas baleadas,
desse tempo difícil de viver
de pensar o que dizer...
Era um desses fantasmas,
que arrastam as correntes,
aniquilas as serpentes
nos jardins do nosso tempo...