Quando boto o pé no estribo do meu zaino Pergaminho
Não tem chuva, não tem vento e não tem pedra no caminho
Busco a volta e tô a cavalo no meu zaino Pergaminho
Largo a galope de Lavras, Bagé fica bem pertinho
O casco bate na estrada, bate a franja no focinho,
O vento brinca na cola fazendo redemoinho
E o meu lenço bate asas sobre o pala azul-marinho,
Como uma garcinha branca voando num céu de linho
Quando largo de galope no meu zaino Pergaminho.
Quando boto o pé no estribo do meu zaino Pergaminho
Os amigos me acompanham mesmo que eu ande sozinho
E as lembranças dão de rédeas no meu zaino Pergaminho
Se me esporeia a saudade que é pior que ponta de espinho
Giro na pata e “avôo” como “avoa” um passarinho
Só paro no parapeito do rancho do meu vizinho
Onde a paisanita linda que costeia o meu carinho
Vem se aninhar no meu braço como uma pomba no ninho
Escarvando em frente ao rancho fica o zaino Pergaminho
Quando boto o pé no estribo do meu zaino Pergaminho
Brasil, Argentina e Chile vão no sangue cor de vinho
Correm séculos de história no meu zaino Pergaminho
Quando estou enforquilhado no cavalo Pergaminho
Zaino colorado estrela, pata branca até o machinho
Aparto boi na barbela, focinho contra focinho,
Se o boi não vai eu sujeito, se ele vai eu adivinho,
Quando salta tá apertado como abraço de padrinho,
Agarrado nos encontros do meu zaino pergaminho.
Quando boto o pé no estribo do meu zaino Pergaminho