O pampa americano era de ninguém
Um continente a espera de seu senhor
Quando aportou a nau que vinha do além
Trazendo o europeu colonizador
E pra domar a terra como um troféu
Se armou da valentia de seu corcel
E este cavalo ibérico ao fim se alçou e o pampa recriou
Então a seleção se fez natural
Sobreviveu apenas quem se moldou
Ao ambiente agreste que era bagual
Assim foi que o crioulo se aquerenciou
E se tornou nativo deste rincão
Como um diamante sem a lapidação
Pro tino do campeiro selecionar, trabalho secular
Cavalo é crioulo porque o padrão
Vedete dos gaúchos mais atuais
Um sonho que se cria cada vez mais
No fundo da invernada do coração
No lombo de um gateado me sinto um rei
E o mundo todo gira na minha lei
Pois com o pé no estribo e a rédea na mão
A alma sai do chão
Vieram então as marchas pra comprovar
Toda uma resistências que é sem igual
A exposição do freio pra consagrar
Um biotipo lindo e mais funcional
E o mundo do campeiro testemunhou
Um pingo que montado se agigantou
E além de dar serviço passou a ser de esporte e de lazer
Cavalo que anda pronto pro um desafio
E na arrancada junta um zebú gavião
E num giro de pata faz corripiu
E na esbarra ainda espalha a cola no chão
A história de um amor que não tem mais fim
É a história do crioulo viva paixão
Um sonho pela rédea, um cavalo enfim
Do peão e do patrão
Cavalo é crioulo...