Dos laivos brancos que há no céu pra enfeitar
descendo à fruta já madura do pomar
e arrufando nas varandas
asas negras como as tranças
das meninas que à janela se vão pentear
há campos verdes onde cresce o malmequer
branco, amarelo com o bico o vai colher
e voltando pràs varandas
com a flor enfeita as tranças
das meninas que à janela se vão recolher
um sol de Março
um vento fresco
e o canto alegre de fazer o ninho nos beirais
um campo verde
um sol aceso
e as meninas de outros tempos com seus aventais
de telha em telha saltitando sem voar
no espaço aberto agitando o seu cantar
trazem côr para as varandas
trazem laços para as tranças
das meninas que à janela se vão encantar
o sol demora no calor que faz dormir
o canto é lento é lindo é calma a descobrir
e as meninas nas varandas
os cabelos já sem tranças
debruçadas para os laços que viram cair
um sol de Março
um vento fresco
e o canto alegre de fazer o ninho nos beirais
um campo verde
um sol aceso
e as meninas de outros tempos com seus aventais
um sol de Março
um vento fresco
e o canto alegre de fazer o ninho nos beirais