Dos momentos impiedosos
Que escurecem o deserto
Do meu torturado peito
Há dois que são dolorosos
De manhã, quando desperto
Á noite, quando me deito
É que nesses dois momentos
Tenho à força que te ver
E lembrar o que foi nosso
Revolvo mil pensamentos
E luto para te esquecer
Mas francamente, não posso
Em frente dos olhos teus
Nesses momentos de dor
Minh? alma é sempre vencida
Como é possível, meu deus
Um simples retrato impôr
A tragédia duma vida
Nos domínios da loucura
Brilha o fogo numa crença
Que nos persegue veloz
Não há maior desventura
Que sentirmos a presença
De quem está longe de nós