Não crio imagens bombeando o vão das cancelas
Da moldura das janelas sob a quincha dos galpões
Mas bem montado sobre o lombo do cavalo
Botando pealo em rodeio e marcações
Não crio imagens nos mates ao pé do fogo
Envolvido pelo jogo de alguma angústia encruada
Mas sim num grito pra tirar o gado da grota
Ou na culatra da tropa que se perfila na estrada
Não crio imagens de campanha entristecida
Pela vida enrijecida no compasso da existência
Mas da alegria e da emoção das carreiradas
Nos bolichos beira estrada, pelos fundões da querência
Não crio imagens na clausura das paredes
Embora as mesmas guardem lembranças dos meus
Mas sim liberto num santo altar de coxilha
Porque ali estou mais perto de mim, do vento e de Deus!
Não crio imagens que acalantem muitas almas
Me falta calma pra saudade e solidão
Se isso for imposição, talvez nem seja poeta
Mas a palavra direta me salta do coração!
Não crio imagens dos momentos que não gosto
Pois não aposto em parelheiro perdedor!
Se a mim me agrada as lidas de campo afora
Crio imagens das esporas no garrão de um domador
Não crio imagens de trastes dependurados
Nem de termos delicados, mas que tem pouco valor
E sim de laços, de bocal, basto sovado
De cachorros ensinados que são gente num fiador
Não crio imagens pra chorar águas passadas
Pois enxergo meu futuro muito além dos horizontes
Eu crio imagens pra que se forjem pampeanas
Pois no sangue tenho ganas de distâncias e repontes