Sou lá do mato, me criei numa palhoça
Lugar simples lá na roça, mas tão bom para viver
Ali eu tinha, minha vida controlada
Nunca me faltava nada sempre tinha o que comer
Tinha um cachorro, um amigo e companheiro
Galinhada no terreiro, e um galo de estimação
Todas manhãs despertava a alvorada
E o cantar da passarada alegrava o sertão
Por muitos anos, vivi nesse paraíso
Mas um dia foi preciso, sair daquele lugar
Foi com tristeza, que deixei meu berço amado
E o coração magoado, na cidade fui morar
Levei meu galo, o cantor das madrugadas
Mas as novas alvoradas, hoje aqui tão diferentes
Esse meu galo, que já foi rei do terreiro
Hoje canta num viveiro, se fingindo de contente
Quando eu olho o meu galo prisioneiro
Sem quintal e sem puleiro me aperta o coração
E na cidade seu cantar fora de moda
Dizem que ele incomoda, toda a população
Seu belo canto de encanto e fantasias
Que inspirou tantas poesias, violeiro e cantador
Nas noites frias e de sono tão profundo
Desde que o mundo é mundo, você é o despertador
Das majestades e cantores lá do mato
Dizem que o galo é de fato, a mais nobre expressão
É o mascote e o orgulho do roceiro
Que enfeita o terreiro, do caboclo no sertão
A sua imagem, é um símbolo de sorte
No comércio e no esporte, mundo inteiro te elegeu
Quem já foi Rei, nunca perde a Majestade
No sertão ou na cidade, esse trono é sempre seu