Manguetown
Estou enfiado na lama.
É um bairro sujo.
Onde os urubus têm casas.
E eu não tenho asas.
Mas estou aqui em minha casa,
Onde os urubus têm asas
Vou pintando, segurando as paredes no mangue do meu quintal
Manguetown
Andando por entre os becos
Andando em coletivos.
Ninguém foge ao cheiro sujo
Da lama do Manguetown
Andando por entre os becos,
Andando em coletivos
Ninguém foge a vida suja
nos dias da Manguetown
Esta noite sairei
Vou beber com meus amigos
e com asas que os urubus me derem ao dia
Eu voarei por toda a periferia
Vou sonhando com a mulher
Que talvez eu possa encontrar
Ela também vai andar de pés descalços
Na lama do meu quintal.
Manguetown
Andando por entre os becos,
Andando em coletivos
Ninguém foge ao cheiro sujo
Da lama do Manguetown
Andando por entre os becos,
Andando em coletivos
Ninguém foge a vida suja
nos dias da Manguetown
Fui no mangue catar lixo, pegar caranguejo e conversar com urubu