Querência rincão querido do bochincho e do fandango
Da boleadeira e do mango da coxilha e da canhada
Querência verde orvalhada dos ventos que se adelgaçam
Repetindo quando passam já fui tudo e não sou nada
Rincão de flor colorada no topete das morenas
Do tilinar das chinelas e do meu umbu triste sozinho
De onde um bem te vi do ninho nas alvoradas serenas
Desfiam sem fim as penas na evocação de um carinho
Querência do cusco amigo, nobre guapo companheiro
Do balcão do bolicheiro da China linda e do trago
Do paizano que anda vago sem parador nem querência
E vai curtindo na ausência recuerdos de algum afago
Querência do mate amargo sevado em fogão tropeiro
Do redomão caborteiro que num upa-upa corcoveia
Da cruz corcomida e feia entre moitas de erva rala
Que tristemente assinala vestígios de uma peleia
Querência do carreteiro sempre a cruzar a tranquito
Na sina de andar solito junto a carreta que passa
Como duende que esvoaça levando para o infinito
O fardo santo e bendito dos atavismos da raça
Querência de mil guitarras que pátria adentro se espalha
Do velho rancho de palha abandonado ao rigor
E o pavilhão tricolor que foi sinal da batalha
E hoje serve de mortalha ao gaúcho peleador