Se todo Arú parasse e pensasse, mas que beleza!
Em viver bem numa cidade abençoada por natureza
Tem gente que até sabe, mas acha que não acaba
Quero ver tu ter coragem de beber onde tu caga
Os rios que alimentaram e tornaram muitas potências
Hoje nos trazem desespero, mau cheiro, doenças
E as tias se desespera e não sabe o que é mais escroto
Morar em baixo da chuva, ou, em cima do esgoto
E o pior eu que sou louco, se eu não acho normal
Sobreviver na Amazônia comprando água mineral
Herança neoliberal, que me assombra e tira o sono
Essa mania de passar o que é nosso
mas por de baixo do pano
Senhor não é dono sumano, não vem com faca nem rola
Todos que lutam merecem o seu pedaço da corda
Sou Paiakan é isso mesmo guerreiro que prega a paz
Se é pra lutar por meus direitos Eles quer guerra? Nós faz!
Que porra é essa?
Não tem um que não sinta vergonha
Que porra é essa?
Gente passando sede em plena Amazônia
Que porra é essa?
A chuva que ao sertão traria vida, só causa
destruição na terra das causas perdidas
E entra governo e sai governo e eles nem fazem o básico
Só 10 tem esgoto? Isso é piada? Não, isso é trágico!
E o povo troca voto por asfalto no seu conjunto
Que não dura os quatro anos do mandato do vagabundo
Eu me pergunto, numa cidade que chove todo dia
Não devia ser de ponta nossa tecnologia?
Em drenagem ou soluções inteligentes pro lixo
Só Karajá, Tembé, sou gente, mas vivo que nem bicho
Nós tamo é longe disso e a saúde ineficiente
Se agrava a cada ano, se agrava a cada enchente
Tem cada vez mais gente e os caciques nem fazem sala
Só vão ficar contentes quando me verem na vala
Mas a mim Não! Ninguém cala neguin, não tô parado
O lugar de onde eu vim conta com os antepassados
Eu olho o índio revoltado rimando com Carimbó
Caboco de mente feita nunca rema só
Que porra é essa?
Não tem um que não sinta vergonha
Que porra é essa?
Gente passando sede em plena Amazônia
Que porra é essa?
A chuva que ao sertão daria vida, só causa
destruição na terra das causas perdidas