Há quem me chame paisano,
Herdeiro das farrapadas,
Só não me chamem reiúno,
Que a orelha não é cortada...
Conquistei essa honraria
Sobre o lombo do cavalo,
Provisório das missões,
Andarengo, por regalo.
Venho do fundo dos tempos,
Andei alçado nos matos,
Quando o chimango atacava
Meu reduto maragato.
Assim que se conhecia
O amor pela querência,
A fibra destes pampeanos
E o valor de uma consciência.
Consciência desses deveres
Que não se aprende na escola,
Mas na vivência paisana,
Desde os tempos da degola...
Afinal, não uso farda,
Não tem me "ganhar no grito",
Pois quem manda nesta alma
É o patrão do infinito.
Não tenho marcas no couro,
Nem mesmo de alguma china,
Mas quando a saudade chama
Sou estrada que aproxima.