Fui convidado numa festa
Lá no centro do sertão
Eu fui assisti um casório
No bairro do chapadão
Nesse dia casô a onça
Que era mesmo um pancadão
Noivo era o tamanduá, afilhado do leão
Quando chegô no civil
Houve uma atrapaiação
A noiva sabia assiná
O noivo num sabia não
Cachorro, juiz de paz
Serelepe era escrivão
Assinô arrogo do noivo
Pra acabá cum a discussão
O salão tava enfeitado
De rica iluminação
Tinha doce em quantidade
Bebida tinha um porção
Chocolate com mistura
Doce de pêra e mamão
Pra servi de confetêro
Mandaro chamá o pavão
De noite formaro o baile
Música era do pavão
Tamanduá era pianista
Sapo tocava violão
Por falta de sanfonista
Rato tocou rabecão
O urubu chegou atrasado
Ainda pegô no pistão
Viado tirô a paca
E saiu no arrastadão
Ouriço tirou a cutia
Ficou todo enjoadão
Chegou no meio da sala
Pois fizero um figurão
Todos dois dançô moderno
Só dançaro o charlestão
Catete tava dançando
Já meio atordoadão
Quando foi dançá quadria
Pisô no pé do leão
O mico pulô na briga
Com parte de valentão
Foi rasgando com a poeira
E assentando bofetão
Quebraro o violão do sapo
Que ficô escangaiado
O sapo ficou furioso
Com os dois óio arregalado
Foi logo contá pra onça
Que o violão tava quebrado
O violão não era dele
O sapo tinha emprestado
Jumento era o delegado
Lá daquela povoação
Só pra mor de otoridade
Tava ele no festão
Telefonou pra cadeia
Logo veio um bataião
Entre pulga e percevejo
Tinha quase treis milhão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)