Destapo a imagem do pago
Sempre que estendo uma tropa
Num corredor aramado
Destes que cortam rincões
A casco, marco as razões...
Que povoam o campo aberto
Quando aparto o que é certo
Das mentirosas visões
Na riqueza do meu mundo
De espora, poncho e arreio
Sei o que um pingo de freio
Pode ou não pode fazer
Do amor de um bem querer
Faço munício pra vida
Num mate depois da lida
Nas cismas do entardecer
Refrão:
Da invernada do lagoão
Até o potreiro "das casa"
Pouco mais de meia quadra
De várzea, trevo e coxilha
Grama buena, de forquilha
Nativa das sesmarias
E um ventito que arrepia
O pêlo da minha tordilha
Dos laços que vertem braças
E abraçam as aspas e mãos
A firmeza no garrão
E a certeza no serviço
E talvez seja por isso
Que a pampa ande estampada
Num retrato de invernada
Na rudez do meu ofício
Num fundão de fim de mundo
Boraddo a cova de touro
O trabalho enruga o couro
Na volta braba do dia
O berro da gadaria
Reponta um resto de inverno
No terrunho amor materno
Da vaca lambendo a cria.