Todas as noites no quarto, solteira
Ela escreve um diário
Dá pena, que cena
Tão delicada
Das gordas tristonhas
Das feias de cara
Sem sonhos nem nada
Já lavou, já passou roupa, já viu a novela
Que gente bonita, que vida
Tão bem pintada
Um quarto de lua surgiu na janela
Sem ser convidado
E a Margarida tão feia pensou
Pensou que havia o amor
E num canteiro de obras vigia das noites
Momentos tão longos, que sono
Tanto abandono
Um homem sem planos
Nem sonhos nem dias
Nem asas nem nada
Um relógio de vigia e uma garrafa aos pés
Ouvindo o rádio de pilha, que vida
Vida malvada por entre os andaimes
Um quarto de lua, pintou um cenário
E o Lourival refletiu e pensou
Pensou que havia o amor
E nessa noite mexendo no corpo
E olhando pro mesmo pedaço de lua, poesia
Dois solitários
Se deram ao prazer, e assim sem saber
Se amaram