Aqui, onde me vês, não me conheces
Em vão persistirás num tal intento
Pois raro é ser alguém o que parece
E eu já não sou quem era há pouco tempo
Constante a mutação que em nós ocorre
Na qual nos encontramos e perdemos
Ficamos sem saber quando alguém morre
Se não seremos nós que então nascemos
Aqui, onde me vês, eu sou a ponte
Abrindo aos amanhãs, tudo o que seja
E sonho o que há para lá do horizonte
O que por não se ter mais se deseja
Se a vida é o desafio onde envelheço
E ao qual é por inteiro que me dou
Às vezes nem eu próprio me conheço
Só peço que me deixem ser quem sou.