Quem traz o campo num floreio de cordeona,
E um tilintar de “choronas” nas madrugadas tropeiras,
Tem neste fundos o berro da gadaria
Orquestrando as sesmarias, num concerto de fronteira.
Por “orelhano”, não tenho marca e sinal
Par de rédeas e um bocal me bastam pra ser feliz
E toda vez que estendo um “xucro” na estrada,
Sinto a alma enraizada no garrão do meu país.
Sou do Rio Grande, sou da pátria de à cavalo
Por isso que não me calo pras modas que vem de fora
Chuva guasqueada e geada grande não entanguem,
Quem tem a pampa no sangue e o coração nas esporas!
Minha rebeldia tem sotaque e procedência
Cerne puro de querência templado pelo rigor,
Todo “pampeano”, que canta a terra nativa
Conserva uma história viva mesmo depois que se for.
Nas campereadas forjei a sina vaqueana,
Sovando basto e badana, groseando casco de pingo
Firme na crença, de que a vida se ilumina
No sorriso de uma china numa tarde de domingo.
Nalgum bolicho, na volta de um corredor,
Já fui peão e fui senhor oitavado junto à copa
Se me extraviei, campeando algum movimento
Fui me encontrar, pelo tempo, nalguma ronda de tropa.