O que sobra
São buracos na sola do sapato [
Essa vontade irreprimível de pegar o próximo trem
Meu nariz que não para de escorrer
O gesto mecânico de sacar o lenço
O jeito quase puritano com que me movimento
Meu lastro de cartões de boas festas
O sorriso sonso de quem não sabe por onde andou
O que sobra
É o que chamam de destino
Esse travo amargo
E a impossibilidade de beber até o último trago