A cidade deserta disserta em seus muros
A força que acorrenta e enfraquece seus punhos
Bem me quer, malmequer
Hora chuva, Hora sol
Mercador ilegal trabalha no farol
Sem alvará não poderá ganhar seu pão
Ao imposto se renda, no pique mundo cão
A miséria pinta seus esboços ao chão
Entre pele e ossos o escudo e o canhão
Cidadão de expressão abatida e cansada
Aptidão pra enfrentar a batalha diária
E por fim o salário é um sapato sem sola
(E acorda sem ter nem um pão dormido na sacola)
No retrato sua mais bela poesia
Que além de ser uma lembrança é seu guia
Pra desviar das armadilhas dos dias vagos
a vagar por vagões
Agoniza ao encontrar
Restos de liquidação humanóide
Enterrados em telas, também se pergunta se pode
Um olhar bastaria
Um olá, um bom dia
Fazem quarenta graus, a cela é fria
E "seu doutô" é o vigia
Onde brilhar
a mais forte luz do sol de Alforria
Corra pra lá
Enquanto há vida siga a trilha
além da dor, do caos dos dias
Vá
Bem vindo a um novo universo
Então chega devagar
Se tu andar na prancha disperso
A onda irá te levar
Por tanto tempo houve nesses becos
um comércio de almas
E ao relento o moleque ranhento
desde o cinco quer troco em bala
Mas não venha me dizer que isso tudo se resume a ócio
Afinal todo bom corredor no fim quer ouro, pódio e mais
Se cai no leva e trás
No corre, quem é que socorre o moleque, hã?
No pique Vietnã
Se desde o germinar da flor infância assiste a guerra vã
Sem a esperança de um novo amanhã
Pois todos os ontens se resumem a histórias ruins
Do hoje nada seria se não fosse assim
Solo
Na solitária metrópole indigesta
Inúmeras cabeças de escápole tão honestas
Tão bem perfumadas com a fragrancia que atesta
Que com ignorância e imprudência vão a festa
Então eu pergunto aos donos do mundo
o que nos resta?
Almas desdentadas, sedentas, comem depressa
A massa dessa vez não será a presa
com trapos imundos a compressa será feita
Um martelo e uma sentença de ódio e desavença
Impávido colosso
Eu me esforço, me dá uma brecha
Pregam-nos numa cruz de preconceito e bárbarie
Roubam em nome de Jesus
E Você Sabe
Que esse é um mundo de peste
Mundo de prece
Mundo que cresce
Mundo que esquece
De fortificar-se em amor e compaixão
Mas to na fé firmão
Extremos e enfermos num futuro cruel nós nos encontraremos
Onde brilhar
a mais forte luz do sol de Alforria
Corra pra lá
Enquanto há vida siga a trilha
além da dor, do caos dos dias
Vá pra onde brilhar
a mais forte luz do sol de Alforria
Corra pra lá
Enquanto há vida siga a trilha
além da dor, do caos dos dias
Vá
Mano, embaçou
neblina na pista
é o gruvi terceiro mundista